Descobri que sou autista depois de adulto. E agora?
Análise de Tendências e Recomendações Estratégicas sobre a Inclusão de Adultos com Diagnóstico Tardio de Autismo frente à Legislação Emergente
TEA
Greice Souza
10/15/20252 min read
Você já se sentiu um pouco "diferente" a vida toda, como se estivesse sempre tentando se encaixar em um mundo que não foi feito para você? Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho. Cada vez mais adultos estão descobrindo que essa sensação tem um nome: Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O Aumento do Diagnóstico Tardio: Uma Correção Histórica
Por muito tempo, o autismo foi visto como algo exclusivo da infância. Hoje, a ciência e a sociedade entendem que não é bem assim. O número de adultos recebendo o diagnóstico de autismo está crescendo, não porque existem "mais autistas" agora, mas porque finalmente estamos aprendendo a reconhecê-los.
Imagine um iceberg. A ponta que vemos fora d'água representa as crianças e adolescentes que já têm um diagnóstico formal. A parte submersa, imensa e invisível, é a população de adultos que passaram a vida toda sem saber que são autistas. Muitos deles estão no mercado de trabalho, lutando para se adaptar sem entender a origem de suas dificuldades.
Mas por que isso está acontecendo agora?
•Mais informação: A internet e as redes sociais democratizaram o acesso a informações sobre o autismo. Muitos adultos se identificam com as características descritas e decidem procurar um profissional.
•Diagnósticos mais precisos: Os manuais médicos, como o DSM-5, evoluíram e hoje conseguem identificar o autismo em pessoas que não se encaixam em estereótipos antigos e rígidos.
•Diagnóstico em cascata: É muito comum que pais, ao buscarem ajuda para seus filhos autistas, acabem reconhecendo em si mesmos os mesmos traços, iniciando sua própria jornada de autoconhecimento.
•Menos estigma: Falar sobre neurodiversidade está se tornando mais comum. Isso encoraja as pessoas a buscarem ajuda sem tanto medo de preconceito.
O Peso do "Mascaramento"
Muitos adultos autistas desenvolveram uma habilidade chamada "mascaramento" ou "camuflagem". É um esforço constante para esconder seus traços autísticos e imitar o comportamento de pessoas neurotípicas (não autistas) para serem aceitos socialmente.
Esse esforço é exaustivo e pode levar a consequências sérias, como o burnout autista (um estado de esgotamento físico e mental profundo), ansiedade e depressão. No trabalho, isso afeta diretamente o desempenho e a capacidade de construir uma carreira sustentável.
A Descoberta: Um Novo Começo
Receber o diagnóstico de autismo na vida adulta pode ser um turbilhão de emoções: alívio por finalmente ter uma resposta, luto pelas dificuldades do passado e incerteza sobre o futuro. No entanto, o diagnóstico é, acima de tudo, uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e libertação.
Ele permite que a pessoa entenda suas necessidades, respeite seus limites e pare de se culpar por não conseguir se encaixar em moldes que nunca foram seus. É o primeiro passo para construir uma vida mais autêntica e saudável, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.
Se você se identifica com essa jornada, saiba que buscar uma avaliação profissional pode ser o início de uma grande transformação. Compreender-se é o primeiro passo para reivindicar seu direito de ser quem você é, em sua plenitude.


